Renda-se

E não sabiam o que estavam fazendo ali. Parados, um olhando pro outro com aquela vergonha de falar o que sente.

- Então Pedro, não vai me dizer nada?

- Eu não sabia que tinha virado amor…

- Bom, nem eu sabia. Claro, quando eu te conheci fiquei morrendo de medo de me apaixonar, mas cá estou eu nessas condições vindo te falar o que me trava a garganta faz dias.

- Eu… Eu não sei o que te dizer…

- É eu sabia. Traduzindo: você não sente o mesmo por mim. Vou-me embora.

- Espera! -eu realmente não sabia o que estava sentindo. Mirella pra mim era uma criança linda. A minha criança, o meu bebê. Precisava cuidar dela. Amor… Amor era uma palavra tão forte… Mas eu a desejava. Desde sempre. E foi nesse impulso de a desejar, que eu simplesmente a agarrei pelo braço e te dei um beijo. Um beijo que sempre esperei poder dar. Um beijo que provocou-me as mais desconhecidas sensações que um homem possa sentir. De repente, eu já estava tentando tirar a sua blusa quando ela me interrompeu.

- Não, não pode ser assim! Não deve ser assim!

- E qual o problema de nos amarmos?

- O problema é que eu não quero só isso. Uma noite, ou várias noites, por prazer. Eu te quero ao meu lado de todas as formas, não só assim.

- Mirella, somos adultos. Eu não vejo problema algum.

- Ah mas é claro que não vê! Você não me ama! Não vai sair machucado!

- Só se machuca quem se ilude. E eu não estou te iludindo.

Ele tinha razão. Mas por mais que ele não estivesse tentando me iludir, ainda sim eu já imaginava com ele uma vida inteira juntos… Eu já conseguia planejar tudo. Mas, eu o desejava. Era tão forte. Era tão intenso. Era tão avassalador. Estava me entregando aos poucos.

- Mirella, sabes o quanto preciso de ti. Sabes o quanto dependo de ti…

Pronto. Me tinha nas mãos agora. Quanta covardia isso! Dizer que dependia de mim.Sabia que dali por diante estaria perdida. Não me entregar era impossível. Nós sabíamos. Ele sabia. E eu enxergava em seus olhos a sua confiança. Aquilo me tirava do controle. E eu me rendi aos seus encantos.