domingo, 22 de janeiro de 2012

O bilhete deixado


Ele acordou às sete. E estranhou ainda não ter nenhum telefonema dela. Estranhou nenhuma mensagem. Estranhou sua ausência. Afinal, ela estava ao seu lado, a todas as horas, em qualquer problema. Desceu até a cozinha e viu um bilhete jogado em cima da mesa do café. estava meio molhado ainda. Sinais de lágrimas. Ela dizia:
“Meu amor, estou a escrever-te pelo mais simples motivo: se cuida. Sabe, se cuida mesmo. Não esqueça daquelas vitaminas que o médico te receitou, não esqueça de levar aquela camisa branca, aquela, que você tanto gosta, a mão. Não esqueça da ração do Toby. Ele odeia ração de frango. Não esqueça também da sua alergia a amendoins. Você sempre insiste em provocá-la, e sempre acaba mal. Não se esqueça de mudar a chave com o chuveiro desligado, impressionante como você adora levar choques. Mas, tente se virar sozinho.Tente não me ligar. Ou melhor, não me procure. Não me ligue. O tempo todo eu estive ao seu lado. E você nunca reparou. Nunca se importou comigo. Nunca me valorizou. Sempre me deixando em último plano. E eu vim te dizer que resolvi te deixar. Resolvi cuidar de mim. Eu te amo. Mas esse amor vai adormecer. Sabe, ele não vai acabar. Isso, nunca. Mas vai dormir. E eu amor, vou acordar pro mundo lá fora. Mais uma vez, se cuida. Fui ser feliz.Ou tentar, sem você.”
 Foi como se uma punhalada o acertasse. Aquela mulher, que ele sempre achou que fosse sua, o deixou. Aquela que sempre esteve ao seu lado. Aquela sempre disposta a tudo para ajudá-lo. Se sentia abandonado. E percebia que, ele a amava. Amava, mas não sabia demonstrar. Amava, mas não sabia provar. Amava, como nunca tinha amado outra pessoa. Nunca dera valor nos sentimentos dela. Com o bilhete no peito, ele sussurrava “eu te amo”. Mas já era tarde.

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