domingo, 22 de janeiro de 2012

Cazuza e um pouco mais


E parecia uma despedida. A despedida mais dolorosa que eu tenha vivido na minha curta sobrevivência.
- Tem certeza que não quer mais? -eu dizia aquilo naquele desespero de que ele mudasse de ideia, ou melhor, que ele permanecesse naquela coisa de querer me fazer feliz.
- Tenho.
Mas que conjugação verbal mais doída aquela! “Tenho”. Como assim ele tinha certeza? Como assim ele iria jogar tudo aquilo que construímos fora? Talvez tenha sido uma construção só minha, e ele nunca tenha feito parte disso.
- Tem certeza? Você realmente tem certeza? Absoluta?
- Mas é claro que sim! Eu já não disse que tenho? Que tanto insistes Mirella? Que mania de achar que eu não sei o que estou falando! -será que fui muito duro? Mas eu tinha que acabar com aquilo logo!
- Tudo bem Pedro. Se achas que tens, tens.
- Não fica assim garota! Às vezes as pessoas não dão certo juntas…
- E às vezes garotos idiotas como você costumam fazer promessas que não conseguem cumprir, jurar um amor que não existe e iludem as idiotas como eu até onde conseguem.
- Mas eu não te iludi! Eu não menti! Era verdade!
- Era verdade nada! Então era verdade que nós jamais iríamos nos separar? Então era verdade que nós iríamos construir tudo juntos?
- Eu posso ter me precipitado um pouco…
- Precipitar? É a isso que você joga toda culpa! Se não tinha certeza, não falasse caramba!
Saí correndo, batendo a porta do seu apartamento. Acho que Pedro veio atrás de mim, não sei. Peguei o carro descontroladamente, coloquei o CD do Cazuza que ele havia me dado de presente de namoro. Acho que vi um caminhão vindo em minha direção, ou algo assim. “A nossa música nunca mais tocou[…]” E nunca mais irá tocar.

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