domingo, 22 de janeiro de 2012

Mias uma conversa entre eles


Ele a vira ali dentro, naquela lanchonete que o lembrava de tantas coisas boas, mas coisas que o machucavam. Coisas que ele queria que saíssem de sua cabeça. Mas, resolveu entrar.
- Olácomo custava dizer aquilo de um modo tão seco, mas por dentro, tremia por inteiro.
Oi! Resolveu lembrar que eu existo? ela dizia aquilo com aquele tom irônico de costume.
- Esperei por uma semana você vir falar comigo…
- Foi você quem começou a briga, portanto, é você que tinha de vir falar comigo.
Para garota! Para de ser tão infantil e boba e…
- E mais o que? Vai me xingar mais é?
- E linda. E idiota. E perfeita. E minha.
Minha. Como aquela palavra me definia. Sim, eu era dele. Totalmente. Mas não queria isso.
Sua? Tem certeza disso? Acho que não… - quem eu estava querendo enganar? Ele sabia, mais que ninguém, que isso era a mais pura verdade.
- Tenho sim. Desde a primeira vez que te vi. - e tinha mesmo. Ah, quando eu a vi com aquele vestidinho floral, aquelas pernas branquinhas, e aquele sorriso de gente que gosta de ajudar os outros. Aquele sorriso… Me deixava sem reações.
- Nem um pouco convencido você…
- Eu só falo a verdade.
Ela riu. Como aquele sorriso me fazia bem, como me deixava forte e ao mesmo tempo, tão vulnerável a ela. Tão vulnerável a essa coisa que eu sentia por ela, que nem sabia se era amor. Era mais. Mais que qualquer coisa. Algo que me arrepiava. Algo que me deixava sem palavras. E como ela me tinha nas mãos…
- É, sou obrigada a admitir, sou sua.
Aquilo me desarmou totalmente. Arrancou-me as palavras. Já estava acostumado a vê-la negar com todas as forças isso. Mas agora, agora ela admitia. E eu, estava sem saber o que fazer. Uma mistura de medo alegria, que acabava comigo. Agora ela afirmava: era minha. Quanto eu tinha pra falar…. E meu Deus, como eu a queria!
- Não vai dizer nada? Te assustei? Acho melhor eu ir embora! - e saiu meio que tropeçando em tudo, com aqueles olhinhos cor de mel cheio de lágrimas.
- Não, não vá embora! - saiu correndo atrás dela, seu anjo não poderia fugir daquela maneira. - Não me deixe… Eu… Eu preciso de você! Preciso de você como alguém precisa de um coração pra bater. E, se você for, meu coração vai junto… Aí, não vai ter como ele bater mais dentro de mim.
Não seja dramático! É claro que ele vai continuar batendo… Não vai?
- Não se eu não quiser… E, mesmo que continue, ele não vai ser mais o mesmo. Vou ter que juntar os caquinhos, e você sabe que cristal quebrado não volta a ser como antes.
Eu não quero te perder… Mas, somos amigos! Será que não entende?
- Entendo! Mas amigos também se amam. E temos um dos amores mais lindos que já vi.
- Temos?
- Ah sim, temos. Não nos deixamos abater pelos problemas do dia a dia. E isso é o que me fascina.
- É verdade. Mas, e se não der certo? E se no final, até a amizade for embora? E se...
- Para com essa hipótese do “se”. A gente é o que é! E não vamos deixar de ser.
Não, não deixariam de ser. Aquela ligação era forte demais pra se acabar num romance adolescente frustrado. Amigos, amantes… Eles sempre davam certo juntos. Sim, juntos. Porque separados, era aquela falta que os tomava conta. Aquela necessidade de estar do lado, aquela história de se precisarem… E todo aquele restinho de clichê que sempre tem.
- Promete não deixarmos de ser o nosso “nós”?
- Eu prometo minha linda. Eu prometo que o nosso “nós” sempre vai existir, acima de qualquer sentimento ruim. Eu te quero. Você me quer. Não há como negar…
- Você convencido de novo!
- E você minha, sempre!
Sua, sua e sua, acima de qualquer problema ou solução.
Eu sempre soube. E sempre te pertenci.
E como era linda aquela dupla dinâmica junta. Como era animador vê-los felizes. É claro, nada dura pra sempre. Mas ali, enquanto durar, será eterno. 

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